sábado, 17 de março de 2012

Iniciar Carreira como Freelancer em Fotografia – Bancos de Imagens

Tem uma boa colecção de imagens com potencial de venda, mas sempre que bate de porta em porta ninguém compra, mas sonha ser reconhecido e recompensado pelo seu trabalho? A resposta para as suas preces talvez seja a venda das suas imagens através de bancos de imagens online. Descubra aqui como é simples.

 

Como Funciona?

Os bancos de imagens sao uma das opções mais procuradas por fotógrafos para vender as suas imagens. Esta é uma forma rápida, cómoda e eficiente de divulgar o seu trabalho e quer a utilização final seja a publicação em revistas, jornais, sites ou suportes digitais, a venda tem por base cinco principais princípios:

Licença – direitos limitados (uso comercial único), editorial (para jornais, revistas, etc) ou livre de direitos (várias utilizações para a mesma imagem). Dependendo desta licença, aplicam-se os seguintes critérios:

Utilização – revista, livro, calendário, banner num site, etc…

Dimensão – quarto de página, formato A4, A3, painel publicitário ou formato digital.

Distribuição – quantas cópias serão feitas; em um ou em vários países?

Duração – a foto será usada uma vez ou durante um período de tempo?

 

Alguns bancos de imagens são especializados e oferecem trabalhos numa área em particular (vida selvagem, viagens, regional, entre outros) a clientes habituais. Muitos tentam criar um nicho de mercado, promovendo uma base de dados de imagens estilizada e de alta qualidade. Outros investem no oposto, ou seja, abrangem todos os estilos e assuntos mesmo que a qualidade não seja máxima. Este tipo de abordagem tem sido muito criticada, pois alguns bancos de imagens descuravam a qualidade em prol da quantidade, baixando os preços com o intuito de subir as vendas.

Tal situação levou ao aparecimento dos “micro-bancos de imagem” que optam por ter um stock alargado de fotos a preços mais baixos, distribuindo-as por uma cadeira de bancos de imagens. Está a procura de uma imagem que dê vida ao cartaz da festa da sua cidade? Quem pagará 70€ se pode pagar 70 cêntimos ? Embora o fotógrafo ganhe pouco, e uma só vez, esses bancos de imagens podem vender as mesmas fotos vezes sem conta.

Os bancos de imagens oferecem aos fotógrafos dois tipos de contratos: com ou sem exclusividade, sendo que os autores podem até assinar os dois tipos de contratos com várias agências.

As imagens submetidas ao abrigo de um contrato de exclusividade não podem ser enviadas para outros bancos de imagens, mas, à partida poderão ser vendidas directamente pelo próprio fotógrafo. As imagens sujeitas a um contrato de não-exclusividade podem estar disoponíveis noutros bancos, desde que operem no mesmo regime. Estas são mais baratas, mas, em compensação, podem ser vendidas inúmeras vezes.

A maior arte dos bancos de imagens pede um período de fidelização mínimo de cinco anos, para poderem explorar o potencial do fotógrafo. As boas relações e o acréscimo de vendas resultam apenas de um empenho mútuo. Dependendo dos bancos de imagens, cada contrato terá condicionantes próprias, por isso terá que avaliar cada situação isoladamente.

 

 

DICA

Depois de celebrado o contrato, os bancos de imagens exigem uma entrega inicial mínima de entre 50 a 500 fotografias. Deverá ainda fazer entregas periódicas para manter o seu stock renovado e dinâmico. Deve estar ciente de que não será aceite num banco de imagens se produzir uma baixa quantidade de fotos. Muitos bancos partilham metade dos lucros e pagam aos fotógrafos de três em três meses, enviando documentos com a quantidade de imagens vendidas, a referência do sector, mas nunca com os nomes dos clientes, para impedir que os fotógrafos tirem partido da sua base de dados de clientes.

 

O que vende?

Há clientes para todos os géneros, desde paisagem a imagens lifystyle, passando por fotos que retratem ambientes de trabalho, mas a fotografia tem que transmitir uma mensagem e ser direccionada ao cliente certo. Fazer contratos com bancos de imagens especializados e aprender em simultâneo a diversificar é o segredo para ter lucro. Produza imagens que possam ter inúmeras utilizações, independentemente do assunto. Por vezes, as imagens conceptuais são boas para ilustrar artigos de imprensa ou revistas de negócios. Fotografe em todos os formatos (retrato, paisagens, quadrado ou panorâmico) e lembre-se que as capas podem render um bom dinheiro, por isso deixe espaço para texto e títulos. Encha os cartões de memoria com imagens variadas, edite todas as que possam ser usadas e proponha-as aos bancos de imagens certos.

Pense de forma a ganhar …

Explore todas as possibilidades dos cenários – fotografe para calendários, turismo, revistas …

Adapte o seu estilo ao cliente – aprenda a incluir noções de interacção, contradição, justaposição, tudo o que seja sugestivo independentemente do seu estilo fotográfico.

Fotografe o dia todo – limitar-se às “horas douradas” revela falta de sentido de negócio de stock.

Acorde cedo e deite-se tarde – Vender para bancos de imagens requer planos flexíveis, mas acima de tudo persistência e auto disciplina.

 

Os seus direitos

Trabalhar com bancos de imagens implica perceber que as imagens são vendidas com diferentes direitos de utilização, o que afecta o seu valor comercial.

 

Direitos limitados

As imagens submetidas nesta modalidade são vendidas com restrições. O cliente compra a licença para as usar com base na finalidade, no meio, no tamanho, na duração da licença e na distribuição (regional, nacional ou internacional). Quanto mais flexibilidade for exigida, mais cara será a licença. Uma capa de revista em formato A4 para distribuição nacional, durante um mês, será bastante mais cara do que a mesa imagem no interior da publicação. Já um imagem mais pequena disponível para utilização durante um ano no interior de uma publicação internacional pode ter um preço ainda mais alto. O cliente recebe ainda a garantia de que a imagem não será publicada durante o mesmo período noutros meios, e pode ainda requerer um historial de compra.

 

Livre de direitos

Estas imagens são vendidas com menos restrições. O cliente pode usá-la para vários fins. Se uma empresa pretende usar uma foto num suporte digital e em papel, pode sair mais barato fazer um contrato livre de direitos. No caso de a necessidade do cliente mudar, não é necessário fazer um novo contrato.

 

Questões legais

Para usar fotografias com pessoas e propriedades pessoais (até animais de estimação) como assunto principal é necessária uma autorização. Trata-se de um documento assinado através do qual o modelo ou proprietário autoriza o fotógrafo a utilizar as imagens para fins comerciais (com ou sem restrições acordadas entre as partes). Por normal, os bancos de imagens não aceitam imagens sm um modelo de cedência de direitos de imagem assinado, para garantir aos clientes que podem usá-las sem serem processados por um proprietário ou modelo em fúria.

E será que as fotos captadas sem autorização servem para alguma coisa? É a pergunta que o fotógrafo faz. Imagine que fotografa uma celebridade a sair de uma loja ou o interior de um edifício histórico; pode vender as imagens ? Sim, para fins “editoriais”. As fotografias de interiores de edifícios históricos podem ser usadas, desde que não apareça uma placa a dizer “proibido fotografar”. As imagens captadas em exteriores, em geral, podem ser usadas sem autorização, desde que não tenham sido registadas em propriedade privada.

 

Cuidado com os detalhes

O fotógrafo deve anexar descrições, contactos e palavras-chave às imagens, para que os bancos de imagens possam integrá-las na sua base de dados. É habitual os bancos de imagens fornecerem indicações se tiverem exigências específicas – em alguns casos até disponibilizam um modelo feito no Photoshop. Lembre-se aplicar termos identificativos que facilitem a pesquisa ao cliente. Comece por uma descrição detalhada do assunto, do contexto e do local, como: “luz a reflectir na areia, num colorido nascer-do-sol, na praia da Rocha, Algarve, Portugal”.

Os bancos de imagens podem remover as palavras-chave que não forem apropriadas e adicionar outras, de acordo com as “colecções” em que o trabalho se insere – palavras-chave tão vagas como “paisagem”, “flor”, “pedra” de pouco servirão, mas podem ser úteis para categorizar os arquivos. Já o local da paisagem, o nome latino da flor, ou o tipo de pedra são informações vitais. Acrescente também vários adjectivos que caracterizam a imagem.

 

BANCOS DE IMAGEM.

ALAMY

Contactos: www.alamy.com | +44 12 3584 4640

Número mínimo de fotos na primeira entrega: quatro imagens em alta resolução verificadas ao detalhe, para garantir que cumprem os requisitos de qualidade. Depois o fotógrafo é livre de fazer o upload de imagens sempre que pretender.

Tipos de ficheiros, resolução e câmaras aprovadas: Ficheiros com 5Mp em jpg. Como a Alamy é direccionada para a web, o mais aconselhável é editar as imagens em TIFF ou RAW e depois gravar para JPG para fazer o upload.

Contratos: não exclusivo, com tarifas variáveis.

 

AURORA PHOTOS

Contactos: www.auroraphotos.com | +1 207 828 8787

Número mínimo de fotos na primeira entrega: Entre 50 imagens até um número ilimitado, acordado em contrato. Para mais informações deverá contactar o serviço pelo e-mail de contacto.

Tipos de ficheiros, resolução e câmaras aprovadas: Ficheiros com um mínimo de 50MB e máximo 60MB, em formato JPG, com 8 bits, no espaço de cor Adobe98.

Contratos: não exclusivo, paga 50% por direitos de autor.

 

 

Getty Images

Contactos: www.gettyimages.pt | +44 20 7579 5795

Número mínimo de fotos na primeira entrega: Entre 50 imagens até um número ilimitado, acordado em contrato.

Tipos de ficheiros, resolução e câmaras aprovadas: Ficheiros com um mínimo de 50Mb, em formato TIFF, com 8 bits, no espaço de cor Adobe98. CANON: EOS 1D (MkI, II, IIn e III), 1Ds (MkI, II e III), 5D, 30D, 40D; NIKON: D2X, D2Xs, D3, D200, D3, D300; LEICA: M8; OLYMPUS: E3; todos os backs digitais de médio formato.

Contratos: só exclusivo, paga 50% por direitos de autor.

 

Photolibrary

Contactos: www.photolibrary.com | +44 20 7836 5591

Número mínimo de fotos na primeira entrega: Entre 50 imagens até um número ilimitado, acordado em contrato.

Tipos de ficheiros, resolução e câmaras aprovadas: Ficheiros com um mínimo de 50Mb, em formato TIFF, com 8 bits, no espaço de cor Adobe98. CANON: 5D, 1Ds MkII, MkIII; NIKON: D2X, D2Xs, D3, D200, D3, D300; a maior parte dos backs digitais de médio formato.

Contratos: só exclusivo, paga 50% por direitos de autor.

 

iStockphoto

Contactos: www.istockphoto.com | +00 800 6664 6664

Número mínimo de fotos na primeira entrega: Pode entregar entre 20 a 150 imagens por dia, depois de feita a inscrição no site da iStockphoto.

Tipos de ficheiros, resolução e câmaras aprovadas: Imagens com 1.600×1.200 pixeis, ou mais, em formato JPG e gravadas em sRGB.

Contratos: Exclusivo e não exclusivo, o pagamento varia entre 20 e 50% por direitos de autor.

 

 

Foque-se na qualidade

Para começar a vender os seus trabalhos através de bancos de imagens, terá de ter em conta o seu equipamento. Muitos fotógrafos profissionais compram câmaras digitais específicas com vista à futura venda de imagens neste meio. Isto deve-se à necessidade de as imagens terem o maior tamanho/resolução possível, para maximizar o potencial da venda. No entanto, mesmo que a câmara seja aceite, muitas vezes, a fraca qualidade das objectivas, uma técnica fotográfica descuidada e uma má edição levam a que o trabalho seja recusado.

 

Objectivas – use as melhores que puder comprar. Não significa que tem de gastar milhares de euros em objectivas topo de gama, acabadas de sair. Há modelos “alternativos”, já com algumas décadas, compatíveis com a sua câmara, que oferecem uma excelente qualidade a um preço muito melhor. Faça uma pesquisa cuidada e se o seu orçamento for reduzido, comprar uma lente antiga da mesma marca da câmara ou de outro fabricante, poderá ser a melhor opção.

 

Técnica – a nitidez das fotos tem de ser perfeita, um tripé, uma câmara ou uma lente com estabilizador de imagem ajuda imenso. Os bancos de imagens fazem uma avaliação minuciosa das fotos, por isso a aplicação de nitidez excessiva não passará despercebida.

 

Edição – aprenda a realçar o melhor das suas imagens com uma edição competente. Os bancos de imagem raramente se interessam por fotos com uma edição demasiado óbvia; HDR em excesso, foco suave, sobressaturação ou retoques e clonagem evidentes não levarão as fotos a lado nenhum. Seja também bastante rigoroso na selecção inicial das imagens.

 

Edição sem emoção – trabalhar com bancos de imagens requer o desenvolvimento de uma forte perspicácia para o negócio. É fundamental que aprenda a distanciar-se do seu trabalho. Torne-se um visionário atrás da câmara e um crítico insuportável em frente ao computador. Edite com alguma “frieza”; ninguém conseguirá sentir o mesmo que sentiu no momento em que captou a fotografia! Para um editor, é mais uma imagem que tem que cumprir determinados objectivos para vender – é sobretudo isso que conta. Perceber a razão pela qual a sua imagem foi recusada também ajuda imenso a apurar a técnica, por isso, não desista, aprenda a analisar os seus próprios erros.